A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) em El Salvador considera a alimentação escolar como uma solução para contribuir ao desenvolvimento do país, uma vez que foi distinguida como uma política interinstitucional que permitiu aos países que a impulsaram alcançar objetivos em diferentes áreas como educação, saúde, agricultura e meio ambiente. É uma política transversal de luta contra a pobreza e outros problemas sociais.

Em 2014, El Salvador iniciou o desenvolvimento da iniciativa Escolas Sustentáveis em 9 escolas. Até o momento, 280 centros escolares já estão a desenvolvendo e o objetivo levá-la para as 5.000 escolas de todo o país.

As Escolas Sustentáveis são implementadas de forma conjunta pela FAO, o governo do Brasil e o Ministério da Educação de El Salvador (MINED), por meio de um programa de Cooperação Internacional executado em vários países da América Latina e do Caribe. O modelo inclui elementos importantes para o desenvolvimento populacional, contribuindo para a segurança alimentar de crianças, pais e comunidade, além de promover hábitos alimentares saudáveis.

A iniciativa vem colaborando na melhoria do problema de sobrepeso e de obesidade que as crianças sofrem atualmente e inclui atividades como o envolvimento da comunidade educacional, a adoção de cardápios escolares saudáveis, a implantação de hortas escolares pedagógicas e a compra de produtos de agricultores familiares para a alimentação escolar.

As compras locais de alimentos dos agricultores familiares promovidas pela iniciativa de Escolas Sustentáveis tornaram-se uma oportunidade rural que vem melhorando a economia local por meio da geração de emprego para homens e mulheres, tornando-se uma opção para reduzir a migração das famílias rurais.

Neste sentido, a FAO considera importante trabalhar com o governo para impulsionar as compras públicas dos agricultores familiares, não apenas para vegetais e frutas, mas também para grãos básicos produzidos localmente, como o feijão.

Da mesma forma, a FAO considera prioritário estabelecer e iniciar um diálogo interinstitucional e intersetorial que promova um marco legal que fomente a agricultura familiar e uma Lei de Alimentação Escolar Saudável para crianças em El Salvador, bem como a busca de mecanismos de financiamento sustentáveis para obter maior impacto em todo o processo proposto.

Segundo o representante da FAO em El Salvador, Diego Recalde o objetivo é levar a iniciativa ao maior número de escolas do país: “o esforço é grande, mas é possível”.

Visita a campo

Com o objetivo de conhecer as experiências dos agricultores familiares vinculados às compras públicas e os avanços na implementação da iniciativa de Escola Sustentável, foi realizada uma visita de campo em El Salvador com a participação do Representante da FAO no país, Diego Recalde; o diretor executivo do Centro Nacional de Tecnologia Agropecuária e Florestal CENTA, José Emilio Suadi; o embaixador da União Europeia, Andreau Bassols; a representante do País do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agropecuário, Rosa Campos; o embaixador do Brasil em El Salvador, João André Lima; a gerente geral do Ministério da Educação, Beatriz Cuenca; além de representantes do Programa Mundial de Alimentos.

A primeira parte da visita foi à Associação Cooperativa de Produção Agrícola Kutahat (árvore de girassóis), que fornece frutas e legumes para dez escolas que implementaram a iniciativa de Escola Sustentável.

“Aqui, cultivamos pimentão verde, cebolinha, amoras, tomates, rabanetes, amoras, pepinos, chuchu e abóbora japonesa”, explica Camilo Shul, presidente da Associação, que ainda comentou que participar das compras públicas lhes permitiu gerar 49 empregos na comunidade.

Por outro lado, Jackeline Hernández de Guzmán, sócia de Kutahat comentou que “a partir da nossa cooperativa podemos fornecer às escolas alimentação para os estudantes; vendemos a outros mercados e, assim, sustentamos nossa família e damos trabalho aos jovens da nossa comunidade”. Ela lembrou também que os agricultores familiares são os que possibilitam que as famílias consumam em suas casas frutas, verduras e legumes.

Segundo Sandra Villalobos, integrante da Kutahat, a Associação recebeu apoio técnico que lhes permitiu fortalecer suas capacidades como fornecedores aos centros escolares bem como na construção do Centro de Coleta, que possibilitou cumprir todos os requisitos de inocuidade para levar comida às escolas. Sandra também acrescentou que “participar das compras públicas nos permitiu gerar empregos para homens, mulheres, jovens, que agora contam com um salário que podem se orgulhar e alimentar suas famílias".

Diego Recalde, da FAO El Salvador, ressaltou que, no marco da Década da Agricultura Familiar, "devemos lembrar que nossos agricultores familiares são os que nos alimentam todos os dias em nossas mesas".

A segunda parada da visita foi ao Centro Escolar de San Isidro Canton, no município de Izalco, em Sonsonate, para conhecer os importantes avanços na implementação do modelo das Escolas Sustentáveis.

A comitiva conheceu a horta escolar, os cardápios de lanches, a escola saudável e a experiência dos jovens facilitadores em Segurança Alimentar e Nutricional.

Ao final, FAO reafirmou o compromisso do trabalho em conjunto com o Governo para continuar promovendo o modelo de escolas sustentáveis como uma alternativa para um El Salvador livre da fome e da má nutrição e que as oportunidades rurais continuarão a ser geradas para que ninguém seja deixado para trás.

Imprensa

Escolas Sustentáveis: Promovendo Alimentação Saudável e Criando Oportunidades Rurais em El Salvador

Iniciativa foi lançada em 2014 e o objetivo é levá-la para as 5.000 escolas de todo o país