Foi oficialmente lançado, em 05/08, no âmbito do programa de cooperação Brasil-Japão, o “Projeto de Aprimoramento da Capacidade Técnica em Medidas Estruturais contra Movimentos Gravitacionais de Massa com Foco na Construção de Cidades Resilientes – Projeto SABO”. A cerimônia virtual contou com 37 participantes, representando a Secretaria Nacional de Proteção Social e Defesa Civil, do Ministério do Desenvolvimento Regional; a Agência Brasileira de Cooperação (ABC), do Ministério das Relações Exteriores; a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); a Embaixada do Japão em Brasília; e a Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA).

As barragens do tipo “SABO” – do japonês ?sa (“sedimento”) e ?bo (“proteção”) –, consistem em estruturas, usualmente feitas de concreto, empregadas para a captura de sedimentos e demais sólidos oriundos de fluxos de detritos. Essas barragens normalmente são posicionadas a montante de áreas de risco a serem protegidas, podendo, também, ser inseridas em posições diversas na bacia hidrográfica, tendo como principais funções: (i) o disciplinamento do fluxo de detritos, quando de sua ocorrência; (ii) a diminuição da declividade do talvegue, reduzindo a energia potencial do fluxo de detritos; (iii) a captura de parte dos sedimentos e troncos mobilizados pelo fluxo de detritos, diminuindo assim seu volume, e permitindo a passagem de uma quantidade de sedimentos que não prejudique a vida das pessoas e a segurança patrimonial nas áreas de risco; e (iv) a estabilização dos sedimentos ao longo do leito do talvegue, impedindo sua inclusão no fluxo de detritos.

Nessa mesma área, o “Projeto de Fortalecimento da Estratégia Nacional de Gestão Integrada em Riscos de Desastres Naturais – GIDES”, desenvolvido pelos dois países, já produziu significativos resultados e deixou importante legado, por meio do fortalecimento institucional, da capacitação de agentes públicos e de um conjunto de produtos de referência, a exemplo dos manuais técnicos que contribuem para a evolução da estratégia nacional elaborada para esse tema.

O projeto SABO prevê o planejamento do desenho da instalação, da gestão da construção, da compreensão dos métodos de manutenção e da criação e disseminação de manuais técnicos relacionados à estrutura SABO. A iniciativa inclui, ainda, a construção experimental de barragens do tipo SABO em áreas-piloto, entre outras ações, e a elaboração de manual técnico com conteúdo inédito. Nova Friburgo, no Estado do Rio de Janeiro, será o primeiro município-piloto, onde será construída barragem de contenção do tipo SABO.

O Secretário Nacional de Proteção e Defesa Civil do Ministério do Desenvolvimento Regional, Alexandre Lucas Alves, felicitou as equipes pela realização do projeto em parceria com a cooperação japonesa, e ressaltou a adaptabilidade da metodologia SABO ao contexto brasileiro. Em vista disso, colocou-se à disposição para apoiar as atividades de planejamento nas áreas de intervenção do projeto.

Já o Coordenador-Geral de Cooperação Humanitária da ABC, Ministro José Solla, agradeceu, em nome do Governo brasileiro, o apoio recebido do Governo japonês e recordou a longa e bem-sucedida cooperação técnica entre o Brasil e o Japão, marcada pela continuidade, pela qualidade e pela amplitude da agenda temática. A esse propósito ressaltou que, em 2013, a área de gestão de riscos, prevenção e resposta a desastres naturais foi incorporada aos temas de interesse comum nipo-brasileiros. “A ABC reitera seu compromisso de colaborar para o pleno êxito do Projeto SABO, com a participação diuturna das áreas de cooperação técnica e de cooperação humanitária da Agência, no planejamento, na coordenação e na avaliação desta iniciativa nipo-brasileira”, disse.

O representante da Embaixada do Japão, Ministro Daisuke Nakamura, sublinhou a crescente preocupação global com a redução de desastres, agenda em que se insere o Projeto SABO. Nesse sentido, apontou como resultado da iniciativa o importante potencial de intercâmbio de conhecimentos e tecnologia entre o Brasil e o Japão nessa matéria.

O Coordenador do Comitê Técnico do Projeto, Professor Dr. Maurício Erlich, da UFRJ, comentou a experiência prévia de cooperação com o Japão no GIDES, enaltecendo o potencial para a troca de experiências e para a geração de novas tecnologias e conhecimentos por meio do Projeto SABO. Representantes da JICA apresentaram as linhas gerais do Projeto e sublinharam a capacidade técnica e tecnológica brasileira para obras complexas de engenharia.

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Cidades Resilientes: projeto de cooperação entre Brasil e Japão é oficialmente lançado

Parceria nipo-brasileira no tema segue na esteira do bem-sucedido Projeto GIDES